domingo, 8 de fevereiro de 2009

O Ignoto:

O fundo do mar
A alma
A água transparente, a alma transfigura.
O sal: a ausência de água - corpo.
Um corpo em mergulho num mar de sal, o brilho das pedras num horizonte branco.
O sal na água da boca.
As ondas de sal tocando o corpo, o coração desidratado.
As linhas das rodas no sal, o desenho é a bicicleta.
A solidão, as sombras, os devaneios.
E tudo gira na imensidão branca, e a terra curva na imensidão do mar e a memória seca.
A bicicleta pare a memória, nasce a infância, a adolescência, a sobrevivência.
O ar salgado corrói as mucosas.
O silencio dura pouco.
Os pingos de sons enebriam o espaço.
Saio de um casulo branco, com o corpo marcado de sal.

E a vida aparece branca, água. (Um dos maiores enigmas da vida é o corpo: Água e Sal. Uma das maiores maravilhas do mundo é o mar: Água e Sal)

Oi Jorge, foi mais ou menos assim que eu me senti naquele mar de sal, rodeado de água, mas sem nenhum contato com ela, só, "sêca". Um mar seco que faz a gente entrar em devaneios de solidão, de silêncio: Um útero ("o estado larval da criação"). É uma obra que fala por ela mesma, mas que meio amendronta pela possibilidade da sede que vem ameaçando a humanidade. Altamente denunciativa, opressiva, forte, mas ao mesmo tempo Linda! Branca! Pura! Limpa... Acho que já "devaneei" demais,
Bjs, até breve.

Clara Marina