quarta-feira, 30 de setembro de 2009

domingo, 20 de setembro de 2009

terça-feira, 10 de março de 2009

domingo, 8 de fevereiro de 2009

O Ignoto:

O fundo do mar
A alma
A água transparente, a alma transfigura.
O sal: a ausência de água - corpo.
Um corpo em mergulho num mar de sal, o brilho das pedras num horizonte branco.
O sal na água da boca.
As ondas de sal tocando o corpo, o coração desidratado.
As linhas das rodas no sal, o desenho é a bicicleta.
A solidão, as sombras, os devaneios.
E tudo gira na imensidão branca, e a terra curva na imensidão do mar e a memória seca.
A bicicleta pare a memória, nasce a infância, a adolescência, a sobrevivência.
O ar salgado corrói as mucosas.
O silencio dura pouco.
Os pingos de sons enebriam o espaço.
Saio de um casulo branco, com o corpo marcado de sal.

E a vida aparece branca, água. (Um dos maiores enigmas da vida é o corpo: Água e Sal. Uma das maiores maravilhas do mundo é o mar: Água e Sal)

Oi Jorge, foi mais ou menos assim que eu me senti naquele mar de sal, rodeado de água, mas sem nenhum contato com ela, só, "sêca". Um mar seco que faz a gente entrar em devaneios de solidão, de silêncio: Um útero ("o estado larval da criação"). É uma obra que fala por ela mesma, mas que meio amendronta pela possibilidade da sede que vem ameaçando a humanidade. Altamente denunciativa, opressiva, forte, mas ao mesmo tempo Linda! Branca! Pura! Limpa... Acho que já "devaneei" demais,
Bjs, até breve.

Clara Marina

domingo, 11 de janeiro de 2009










































Sim,

eu poderia abrir as portas que dão pra dentro
Percorrer correndo, corredores em silêncio
Perder as paredes aparentes do edifício

Penetrar no labirinto
O labirinto de labirintos dentro do apartamento

Sim, eu poderia procurar por dentro a casa
Cruzar uma por uma as sete portas, as sete moradas

Na sala receber o beijo frio em minha boca
Beijo de uma deusa morta
Deus morto, fêmea língua gelada, língua gelada como nada

Sim, eu poderia em cada quarto rever a mobília

Em cada um matar um membro da família
Até que a plenitude e a morte coincidissem um dia
O que aconteceria de qualquer jeito
Mas eu prefiro abrir as janelas
Pra que entrem todos os insetos

(Caetano Veloso in Janelas Abertas)